sexta-feira, 8 de abril de 2011

Paulo Moura

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Paulo Moura, instrumentista, regente, arranjador e compositor, nasceu em São José do Rio Preto SP, em 15/7/1932, e faleceu no Rio de Janeiro, em 12/7/2010. Filho do mestre-de-banda, clarinetista e carpinteiro Pedro Moura, tem três irmãos músicos, José e Alberico, trompetistas, e Valdemar, trombonista.

Começou a aprender piano aos nove anos e com 13 já tocava em festas e bailes que o conjunto do pai animava. Foi aprendiz de alfaiate e mudou-se para o Rio de Janeiro com a família, fazendo o curso científico, enquanto os irmãos mais velhos viviam de música, tocando em orquestras, no Cassino da Urca e nos shows de Carlos Machado.

Iniciou-se como músico profissional em gafieiras dos subúrbios cariocas e nos cafés da Praça Tiradentes, entrando em 1951 para a orquestra de Osvaldo Borba, atuando depois com Zacarias e sua Orquestra. Nessa época, participou de uma gravação, pela primeira vez, tocando na orquestra que acompanhou Dalva de Oliveira no samba Palhaço (Nelson Cavaquinho ).

Aos 18 anos entrou, por concurso, no quinto ano da E.N.M.U.B., fazendo o curso de clarinetista e obtendo diploma dois anos depois. Aprendeu teoria, contraponto e música com Paulo Silva e Lincoln Pádua, estudou harmonia, contraponto e fuga com Guerra Peixe e José Siqueira, aiém de aprender orquestração com Moacir Santos e arranjos populares com o maestro Cipó.

Em 1953 foi ao México com a orquestra Ary Barroso, integrou o Conjunto Maciel e trabalhou com a Orquestra Cipó da Rádio Tupi. De 1954 a 1956 participou do Conjunto Guio de Morais, atuando na boate Régine, gravando nesse último ano o Moto perpetuo, de Niccolò Paganini (1 782—1 840), em 78 rpm, na Columbia, seu primeiro disco como solista. No ano seguinte formou sua orquestra para baile, atuando no Brasil Danças, e gravou para a Sinter Paulo Moura e sua orquestra para bailes.

De 1958 a outubro de 1959, tornou-se orquestrador e arranjador da Rádio Nacional, viajando, ainda em 1958, para a antiga União Soviética e outros países socialistas, na direção musical do grupo formado por Dolores Duran, Nora Ney, Jorge Goulart, Maria Helena Raposo e o Conjunto Farroupilha.

No ano seguinte, entrou como clarinetista para a Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal, do Rio de Janeiro, gravando no mesmo ano, para a Continental, com o quarteto de Radamés Gnattali, o LP Paulo Moura Interpreta Radamés Gnattali, que incluia composições inéditas como Monotonia.

Em 1960 obteve o primeiro lugar como solista de clarineta na Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal, e viajou para a Argentina, com a Orquestra de Severino Araújo, gravando na Chantecler outro LP, Tangos e boleros. Dois anos depois, integrou o Conjunto Bossa-Rio, de Sérgio Mendes, tocando sax-alto, e apresentou-se no Festival de Bossa Nova, no Carnegie HaIl em New York, EUA.

Em 1964 gravou na CBS o LP Edson Machado é samba novo, atuando como saxofonista do conjunto. Em 1968 gravou Paulo Moura hepteto e no ano seguinte Paulo Moura quarteto, seguindo-se o LP Fibra, novamente com o hepteto, em 1971, todos na gravadora Equipe.

Teve vários conjuntos, três orquestras e dois quartetos; com um deles esteve na Grécia em 1971.
Em janeiro de 1975 esteve novamente nos EUA gravando um disco com o guitarrista Tiago de Melo.
Regeu a Orquestra Sinfônica de Brasília, em 1988, executando peça de sua autoria em homenagem ao centenário da libertação dos escravos.

Em 1992 recebeu o prêmio Sharp como Melhor instrumentista Popular. No mesmo ano compôs Suíte carioca, peça para orquestra sinfônica, coral infantil e grupo instrumental de jazz. Cinco anos depois foi lançado pelo selo Velas o CD Pixinguinha, gravado em 1996, ao vivo, no teatro Carlos Gomes do Rio de Janeiro, em show do grupo Os Batutas, do qual participa como clarinetista ao lado de Zé da Velha (trombone), Joel do Bandolim, Jorge Simas (violão), Márcio (cavaquinho) e os percussionistas Jorginho do Pandeiro, Marçalzinho e Jovi.

Lançou, em 1998, com Os Batutas, o CD Pixinguinha, pelo qual recebeu o Prêmio Sharp, nas categorias Melhor CD Instrumental e Melhor Grupo Instrumental, e, em 1999, com Cliff Korman, o CD Mood ingenuo.

Em 2000, sua Fantasia Urbana para Saxofone e Orquestra Sinfônica foi apresentada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano, recebeu o Grammy Latino, na categoria Melhor Disco de Música Regional (ou de Raízes Brasileiras), pelo disco Pixinguinha, gravado com o grupo Os Batutas. 

Em 2001, participou do projeto Rio Sesc Instrumental, dividindo o palco com Yamandu Costa. Nesse mesmo ano, lançou, pela Pau Brasil, o CD "Paulo Moura visita Gershwin & Jobim", gravação ao vivo de um show realizado em 1998 na inauguração do Teatro Sesc Vila Mariana, em São Paulo, com um septeto instrumental formado por Jerzy Milewsky (violino), Jota Moraes (piano), Cliff Korman (teclados), Nelson Faria (violão e guitarra), Rodolfo Stroeter (baixo) e Pascoal Meirelles (bateria).

Em 2003, lançou o CD Estação Leopoldina. No ano seguinte, lançou, com o violonista Yamandú Costa, o CD El negro del blanco.

Participou do documentário Brasileirinho, do finlandês Mika Kaurismaki, uma das atrações da mostra Forum do Festival de Berlim, em 2005. Neste mesmo ano, estreou turnê nacional e internacional do espetáculo "Homenagem a Tom Jobim", ao lado de Armandinho, Yamandú Costa e Marcos Suzano.

Em 2006, lançou, com João Donato, o CD Dois Panos para Manga, concebido em uma reunião na casa do diretor de TV Mario Manga. Nesta oportunidade, foi sugerida aos dois artistas a gravação de um disco que registrasse alguns dos temas degustados pelos freqüentadores do Sinatra-Farney Fã Club na década de 1950. No repertório, Minha saudade (João Donato e João Gilberto), On a Slow Boat to China (Frank Loesser), Swanee (George e Ira Gershwin), That Old Black Magic (Harold Arlen e Johnny Mercer), Tenderly (Walter Gross e Jack Lawrence), Saudade mata a gente (Antonio Almeida e João de Barro), Copacabana (Alberto Ribeiro e João de Barro) e ainda Pixinguinha no Arpoador e Sopapo, duas composições inéditas assinadas pelos dois artistas. 

Lançou, nos anos seguintes, os CDs Samba de latada” (2007), em parceria com Josildo Sá, Pra cá e pra lá – Paulo Moura trlha Jobim e Gerschwin (2008), e AfroBossaNova (2009), em parceria com Armandinho.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora; Dicionário Cravo Albin da MPB.

Leonardo Mota

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Leonardo Mota (Leonardo Ferreira da Mota), jornalista e folclorista, nasceu em Pedra Branca CE, em 10/5/1891, e faleceu em Fortaleza CE, em 2/1/1948. Formou-se pela Faculdade de Direito do Ceará, em 1916.

Colaborou na imprensa cearense e do Sul do país. Publicou alguns volumes com farto documentário sobre o sertão nordestino, principalmente com referência à literatura oral — poesia, anedotário e adagiário:
 
Cantadores, Rio de Janeiro, 1921 (2ª. ed., Rio de Janeiro, 1953; 3ª. ed., Fortaleza, 1961); Violeiros do Norte, São Paulo, 1925 (2ª. ed., Rio de Janeiro, 1955; 3ª. ed., Fortaleza, 1962); Sertão Alegre, Belo Horizonte, 1928 (2ª. ed., Fortaleza, 1965; 3ª. ed., Rio de Janeiro, 1976); No tempo de Lampião, Rio de Janeiro, 1930; Prosa vadia (Palestras lítero-humorísticas), Fortaleza, 1932; A padaria espiritual, Fortaleza, 1939.

Leota na defesa do folclore nordestino

Nos cafés existentes na antiga Fortaleza, onde intelectuais e poetas se reuniam diariamente, uma figura se destacava nas conversas, nas histórias bem humoradas sobre o homem do sertão: Leonardo Mota. Com o poder incomum de declamação, atraia sempre a atenção geral, divulgando através de sua memória prodigiosa os mais belos versos do cancioneiro popular. No Café Riche, Maison Art Noveau e Bar do Majestic, palcos tradicionais da sociedade cearense da época, ele brilhava na poesia. Um autêntico boêmio que legou ao Brasil os maiores estudos sobre o folclore. Um escritor que alcançou, em vida, a fama, o sucesso.

Rachel de Queiroz, da Academia Brasileira de Letras, lembra que o livro de estréia de Leonardo Mota, "Cantadores", conseguiu ser naquele tempo um "best-seller": "Sucesso difícil para um gênero considerado árido - pois quem, senão eruditos, lê folcloristas? Mas Leonardo Mota - ou antes Leota, o seu pseudônimo predileto - era lido com avidez e entusiasmo não só pelos seus colegas especialistas, como também pelo público em geral, dada a apresentação deliciosa dos temas, a inteligência na escolha do Material posto nos livros, a par da fidelidade exemplar com que ele reproduzia o falar sertanejo em toda a sua pura autenticidade e riqueza".

A autora do romance "O Quinze" observa que tais estudos não calam nos exageros e ridículos do chamado "falar caipira", que é uma contrafação posta em voga pelo teatro de revista, com fins de comicidade fácil". Diz que a seriedade de seus trabalhos era de tal forma surpreendente que "os cantadores profissionais consideravam a inclusão de seus versos num dos livros de Leonardo, como a consagração suprema, e a disputavam com afinco".

- E olha que não se tratava - complementa Rachel - de "cantadores" dessa fauna pobre e poluída pelo rádio, que anda hoje por ai, era o tempo dos gigantes, dos mestres ainda não superados e até agora imitados, que deixaram marca indelével no cancioneiro nordestino.

Sânzio de Azevedo, professor de Literatura na Universidade Federal do Ceará, destaca a importância de Leonardo Mota: "Ele se aprofundou nas pesquisas sobre o folclore, sendo imenso o número de trovas, desafios e anedotas que colheu diretamente do povo, em longas viagens ao interior, o que lhe valeria a fama de um dos maiores folcloristas do Brasil em todos os tempos". Além de recolher trabalhos que eram dispersos pelo tempo, Leota se dedicava também à poesia. O soneto "Pedra" um exemplo:

- Pedra que eu amo, pedra confidente/De todo o mal que o coração tortura,/Tu, que tens a serena compostura/De quem da vida a inquietação não sente,/Tu, que vives de todo indiferente/Ao lodaçal desta charneca impura/Que nós chamamos mundo, pedra escura/Que eu te cobice a placidez consente!/Pudesse eu ter a calma soberana/Que tens, em vez de agitação insana/A sacudir meu peito de preceito ... /Faze-me, pedra à tua semelhança:/ - Dá-me o sossego, a plácida confiança,/Faze desta alma um bloco de granito!.

O escritor Florival Seraine, do Instituto Histórico do Ceará, afirma que nenhum pesquisador de folclore no Brasil pode prescindir de consulta à obra de Leonardo Mota: "Ele realizou trabalho de extrema importância para a preservação da cultura popular. Realmente é impossível o desenvolvimento de qualquer pesquisa sem antes verificar as contribuições de Leota sobre os estudos nordestinos". O poeta Cláudio Martins, Presidente da Academia Cearense de Letras, manifesta-se admirador de Leota:

- Foi o homem mais vocacionado de todos os que se dão ao luxo do trabalho intelectual no Pais. Leota desfez-se do seu cartório para fazer pesquisa no plano da literatura natural, popular. Mesmo sendo ótimo poeta, preferiu dedicar-se à divulgação dos mais importantes versos populares brasileiros. Revelou ao Brasil a grandeza existente na poesia nordestina. Se não fosse seu esforço, muito da cultura popular estaria hoje perdida.

Leonardo Ferreira da Mota nasceu em Pedra Branca, em 10 de maio de 1891, filho de Leonardo Ferreira da Mota e Maria Cristina da Silva Mota. Terminou os preparatórios no Liceu do Ceará (1909), depois de Ter estudado em escolas primarias de Quixadá, no Seminário de Fortaleza (1903) e no “Colégio São José” na Serra do Estevão (1904 a 1908). Bacharel pela Faculdade de Direito do Rio de janeiro, em 1916, foi redator de jornal "Correio do Ceará" e diretor da "Gazeta Oficial". Foi notário público, tendo vendido o cartório para, com o dinheiro, custear as suas excursões folclóricas. Conhecido pelo pseudônimo de "Leota" assinava crônicas na imprensa cearense sobre os mais variados assuntos. Em 1921, publicou um de seus mais importantes livros: ''Cantadores''.

Dedicado totalmente ao folclore, reuniu depois suas pesquisas nos volumes "Violeiros do Norte" (1925), "Sertão Alegre" (1928), "No Tempo de Lampião" (1930), "Prosa Vadia" (1932) e "A Padaria Espiritual" (1938). Pela relevância de sua obra, foi eleito para a Academia Cearense de Letras e Instituto do Ceará. Considerado o "príncipe dos folcloristas nacionais", faleceu em Fortaleza, em 2 de janeiro de 1948.

No dia da morte de Leonardo Mota, os originais do livro "Adagiário Brasileiro” sumiram misteriosamente. Até hoje não se sabe de seu paradeiro. Graças ao trabalho persistente de seus filhos Moacir e Orlando Mota, aquele documento foi reconstituído numa tarefa que levou quinze anos, através de manuscritos, rascunhos e recortes de jornais, Com seiscentas páginas, "Adagiário" reúne dez mil ditados, locuções, modismos, ditos e comparações matutas.

O escritor Moreira Campos compartilha da opinião geral de que Leonardo Mota é o nosso maior folclorista: "Sem dúvida que neste campo uma grande autoridade do Nordeste e do Brasil, do ponto de vista da interpretação dos fenômenos folclóricos, é a Câmara Cascudo. Mas ele não excedeu a Leonardo Mota no que este pode recolher em relação sobretudo ao Nordeste". E acrescenta:

- De resto, destaque-se a graça com que escrevia. A força com que sabia transmitir os fatos. E isto está não só nos seus livros, como nas conferências que pronunciou. Conferências aliciantes, pelo seu jeito de narrar, pelos efeitos que tirava de sua exposição. Ele esqueceu todos os bens materiais para perseguir seu objetivo que foi o folclore.

Otacílio Colares, no livro "Lembrados e esquecidos" (Vol. 11), traça o perfil de Leonardo Mota: "Ledor incansável, periodista de têmpera, "causeur" inimitável, possuidor de extraordinária memória e de uma "verve" somente igualável aos seus talentos expressionais, alcançou, no Brasil, ao tempo em que seu nome começou a projetar- se, fora do Ceará, como o de um dos mais dedicados soldados de pesquisa folclórica, à época, justamente, do fastígio da conferência artístico-literária. A época em que, no Sul, os escritores mais populares tinham na tribuna do conferencista (conferente, como se dizia, então) o veículo, maior de sua popularidade".

Em conferência proferida no antigo Clube Iracema, em Fortaleza, Leonardo Mota falou sobre sua paixão "pela observação e estado dos costumes, da linguagem e da poesia das nossas gentes do sertão". Interessado desde menino pelo assunto, foi seduzido pela "vaidade de ser no nosso País, uni arauto da inteligência do brasileiro nordestino". "Realmente, Leonardo Mota mostrava toda a revolta contra a marginalização imposta aos nordestinos, ao desrespeito por sua cultura e folclore. Em "Musa Matuta", um dos capítulos do livro "Violeiros do Norte", revela a postura assumida em sua peregrinação pelo Brasil:

- Fui intransigente na defesa do sertão esquecido, do sertão ridicularizado, do sertão caluniado e só lembrado quando dele se quer o imposto nos tempos de paz ou o soldado nos tempos de guerra. E foi, sobretudo, contra o labéu de cretinice do sertanejo nordestino que orientei a minha documentada contradita: em todo o meu "Cantadores" e nas conferências que proferi, de Norte e Sul, pus o melhor dos meus empenhos em fazer ressaltar a acuidade, a destreza de espírito, a vivacidade da desaproveitada inteligência sertaneja, de que os menestréis plebeus são a expressão bizarra e esquecida, apesar de digna de estudos.

Em todos as capitais que Leonardo Mota visitava, ouvia-se a sua voz contra o preconceito existente em relação ao sertanejo: "Todo me devotei a uma campanha de morigerado nacionalismo, refutando a velha injustiça de as populações litorâneas ou citadinas só exergarem no sertanejo ou o cangaceiro "de alma, de lama e de aço", a que se reporta Gustavo Barroso, ou o ser desfibrado e lerdo que "magina de cócoras" e tão inexoravelmente caricaturado por Monteiro Lobato. Protestei contra essa mania de autodesmoralização que tristemente nos singulariza".

Existe ainda outra característica de Leonardo Mota muito conhecida entre seus amigos: a da improvisão de versos espontâneos, elaborados de forma jocosa, humorística. Entre as dezenas de casos vividos pelo poeta, um dos mais conhecidos é sempre contado nas rodas boêmias. A história se originou quando, em viagem pelo interior, Leota recebeu um bilhete no hotel em que estava hospedado. O proprietário, de nome "Maleta", pedia que ele "quitasse" a divida de alguns dias de permanência. Em resposta, escreveu o seguinte bilhete:

- "Meu caro amigo Maleta, /tenha pena do poeta./Eu vejo a coisa tão preta/que não quero ser profeta/. Posso lá dizer-lhe a data/em que eu terei a dita/ de pagar-lhe esta maldita/conta que tanto me mata./Eu não sou homem de fita/e por isso evito a rata/de dizer-lhe a data exata/em que esta conta se "quinta"/Veja bem a minha luta./A paciência se esgota./Que vida filha da p ... /Saudações, Leonardo Mota".

Fontes: Leonardo Ferreira da Mota - Vithor.cjb.net; Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora - Publifolha - 2a. Edição - 1998 - São Paulo

Moreno e Moreninho

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Moreno e Moreninho - Dupla sertaneja formada em 1948, em Poços de Caldas MG, pelos irmãos Pedro Cioffi, o Moreno (Machado MG 1925—Poços de Caldas 1995) e João Cioffi, o Moreninho (Machado 1927—). A dupla estreou na Rádio Cultura, de Poços de Caldas e, depois de trabalhar quatro anos nessa cidade, transferiu-se para São Paulo SP, passando a atuar na Rádio Record. 

Gravou o primeiro disco em 1953, pela Sinter, no Rio de Janeiro RJ, cantando Tempo de criança (Francisco Lacerda e Ricarda Jardim) e Namoro moderno (de autoria da dupla). 

No ano seguinte, apresentou no Teatro Municipal, de São Paulo, a Folia de Reis, com um grupo autêntico de foliões e, em 1956, gravou pela Columbia, com muito sucesso, a congada Treze de Maio (Teddy Vieira, Riachão e Riachinho). 

A dupla participou, em 1973, do filme No rancho fundo, de Osvaldo de Oliveira, onde cantou Casa da Mãe Joana (Capitão Furtado e Moreno) e Sanfona furada (José Alves e Moreno). 

Moreninho formou com Minuano, em 1975, dupla que durou dois anos; no período gravaram um LP, Embaixada de Santo Reis

Após a morte de Moreno, já na década de 1990, formou dupla com sua filha, Morena (Ivone Cioffi Monteiro, Poços de Caldas 1957—). 

Em 1997 gravaram um CD, Abrindo novos caminhos, com a música de maior sucesso da antiga dupla com Moreno, João Boiadeiro (registrada agora como de Morena e Moreninho), em novo arranjo, e uma Folia de Reis modernizada, além de Minha mágoa, resposta de Moreninho a Cabecinha no ombro (Paulo Borges, 1961), gravada anteriormente por Cascatinha e Inhana

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

Tutty Moreno

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Tutty Moreno (Emmanuel Alves Moreno), instrumentista (baterista), nasceu em Salvador BA, em 30/10/1947. Com três pianistas na família, a avó, a tia e a irmã, interessou-se por música desde pequeno e aos cinco anos começou a cantar, acompanhando-se ao violão.

Aos dez anos ganhou de presente da mãe um trompete, formando mais tarde com amigos o conjunto Avanço. Entre os 13 e 14 anos trocou o trompete pelo sax e um ano depois passou a dedicar-se à bateria.

Por essa época integrou como baterista o Perna’s Trio, com Perna (Antônio Fróis) ao piano e Moacir Albuquerque no baixo, grupo que durante a década de 1960 acompanhou em teatros e clubes vários artistas, entre os quais Elis Regina, Chico Buarque, Taiguara, Vinícius de Moraes e Toquinho , Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Dorival Caymmi e Maria Bethânia.

Ingressou no seminário de música da Universidade Federal da Bahia, cursando três anos. Ainda como baterista solou, com a Orquestra Sinfônica da Bahia, no Teatro Castro Alves.

Em 1970 foi para a Europa, participando de todos os shows de Gilberto Gil, na época em que este morou em Londres, Inglaterra, e em suas tournées por outros países. Retornando ao Brasil, participou de diversas gravações com Gilberto Gil, Maria Bethânia, Gal Costa, Chico Buarque, Macalé, Jorge Mautner e outros.

Foi para os EUA em abril de 1975. Em Los Angeles, entrou para o grupo de Marieto Correia e posteriormente passou a acompanhar João Gilberto; também tocou e gravou com músicos de jazz, como Walter Booker e Ernie Watts.

De volta ao Brasil em 1978, na década de 1980 participou do grupo de percussão da O.S.B., mas na década seguinte voltou a tocar no exterior. Seu primeiro CD solo, Tocando, sentindo, suando (Tutty Moreno & Friends), foi lançado em 1996 na Europa e no Japão, pelo selo londrino Out Records.

Em 1997 gravou o CD Pra Que Mentir?, pela Lumiar Discos, como membro do Quarteto Livre.

Dois anos depois, gravou o CD Forças d'alma, lançado pelo selo Sons da Bahia. O disco destacou-se por uma nova linguagem, melódica e harmônica, utilizada pela bateria, e foi considerado pela crítica especializada como um dos mais importantes lançamentos instrumentais do ano. Em 2000, o CD foi lançado internacionalmente pelo selo norte-americano Malandro Records.

Em 2001, como líder do Tutty Moreno Quarteto, participou do Chivas Jazz Festival. O show gerou especial da DirecTV, com o Dave Holland Quintet.

Em 2011, lançou, com Joyce Moreno, no mercado brasileiro, o CD Samba-Jazz & outras bossas, uma celebração aos 30 anos de parceria afetiva e musical de ambos. O disco foi lançado no mercado europeu pela Far Out, em 2007, e a edição brasileira trouxe no repertório, em faixa-bônus, uma versão mais completa da faixa Garoto, dedicada a Aníbal Sardinha, o Garoto, além das faixas originais.

Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha; Dicionário Cravo Albin da MPB.