domingo, 6 de março de 2011

Zeca Pagodinho

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Zeca Pagodinho (Jessé Gomas da Silva Filho), cantor e compositor, nasceu no subúrbio de Irajá, Rio de Janeiro, RJ, em 4/2/1959. Foi anotador de jogo do bicho antes de iniciar sua carreira musical. Desde cedo se destacou no círculo das rodas de samba que freqüentava no subúrbio do Rio de Janeiro, onde apresentou suas primeiras composições e revelou sua voz rouca e rasgada de partideiro.

Em 1981, no bloco carnavalesco Cacique de Ramos, em que se reuniam todas as quartas-feiras compositores e cantores num encontro denominado “pagode”, conheceu Beth Carvalho, que o convidou a participar de seu disco, no qual cantou o samba Camarão que dorme a onda leva, de sua autoria em parceria com Arlindo Cruz.

Em 1982 foi convidado pela RGE para participar de um disco que reunia outros quatro novos talentos do samba: Jovelina Pérola Negra, Pedrinho da Flor, Elaine Machado e Mauro Diniz. O disco, com o nome de Raça brasileira, foi grande sucesso de vendas e execução. A partir daí, iniciou sua carreira solo, gravando samba de raiz e partido-alto, ao mesmo tempo prestigiando os novos compositores e retornando aos nomes mais representativos do samba da Portela e da Império Serrano.

Seu primeiro LP solo, Zeca Pagodinho, saiu pela RGE em 1986. Ainda por essa gravadora, lançou Patota de Cosme (1987), mudando depois para a BMG, na qual gravou Jeito moleque (1988), Boêmio feliz (1989), Mania da gente (1990), Pixote (1991), Zeca Pagodinho, um dos poetas do samba (1992) e Alô mundo (1993).

Na Polygram, com a qual assinou contrato em 1995, já gravou três CDs: Samba pras moças (1995), Deixa clarear (1996) e Hoje é dia de festa (1997). Entre seus grandes sucessos destacam-se Quando eu contar (Iaiá), de Beto sem Braço e Serginho Meriti, em 1986; SPC (com Arlindo Cruz), em 1986; Samba pras moças (Roque Ferreira e Grazielle), em 1995; Verdade (Nelson Rufino e Carlinhos Santana), em 1996; e O dono da dor (Nelson Rufino), em 1997.

Seu CD Zeca Pagodinho ao vivo vendeu mais de meio milhão, em 1999. No disco Casa de samba 2, gravou com Caetano Veloso a música Com que roupa?, de Noel Rosa. Anos mais tarde, no disco Casa de samba 4, também produzido por Rildo Hora, dividiu com Sandra de Sá a faixa Judia de mim, parceria com Wilson Moreira.

Ganhou sete Discos de Ouro e dois de Platina. Suas constantes apresentações no Metropolitan, uma das maiores casas de shows da América Latina, somaram um público superior a um milhão de espectadores só no período 1999/2000.

No ano 2000, lançou o disco Água da minha sede pela gravadora Universal, que vendeu 600 mil cópias e no qual interpretou Alto lá, composta em parceria com Sombrinha e Arlindo Cruz, tema da novela O Clone, da Rede Globo. Incluiu ainda a faixa-título Água da minha sede (Dudu Nobre e Roque Ferreira), Maneco telecoteco (Marques e Roberto Lopes), Delegado Chico Palha (Tio Hélio e Nilton Capolino), A ponte (Elton Medeiros e Paulo César Pinheiro), Perfeita harmonia (Almir Guineto, Bidubi e Bandeira Brasil), Nunca vi você tão triste (Monarco e Alcino Corrêa), Preservação das raízes (Barberinho do Jacarezinho e Luiz Grande), Pagode fino trato (Carlos Roberto da Mangueira) e Jura, de autoria de Sinhô (José Barbosa da Silva), cuja música foi incluída na novela O Cravo e a Rosa, da Rede Globo.

No ano 2001, ao lado de vários artistas participou, na casa de show Tom Brasil, em São Paulo, de uma homenagem a João Nogueira. No show interpretou as composições Do jeito que o rei mandou e Sonho de bamba, sendo o disco lançado logo após pela gravadora Jam Music. Ainda em 2001, idealizou e possibilitou junto à gravadora Universal o disco Quintal do Pagodinho, produzido por Rildo Hora.

Em 2002, ao lado de outros artistas, participou do disco Os melhores do ano III, CD no qual interpretou com Dudu Nobre a música Faixa amarela (Zeca Pagodinho, Jessé Pai, Luiz Carlos e Beto Gago). Ainda em 2002, com produção de Rildo Hora, lançou o CD Deixa a vida me levar. No disco contou com a participação da Velha-Guarda da Portela em duas faixas, incluiu de sua autoria Chove, é o céu que chora, parceria com Mauro Diniz, Riquezas do Brasil (Candeia e Valdir 59), Meu modo de ser (Zé Roberto), Calangueei (Almir Guineto), Amor não me maltrate (Monarco), Nega Judite (Leandro Dimenor) e a faixa-título Deixa a vida me levar, de autoria de Serginho Meriti e Eri do Cais, que seria ainda mais veiculada depois que os jogadores brasileiros a elegeram a música preferida nos encontros informais da seleção na Copa do Mundo de futebol de 2002.


Em 2003, participou do CD Duetos, de Neguinho da Beija-Flor, disco no qual interpretou, com o anfitrião, Fé e raiz. Recebeu o prêmio de "Melhor Cantor de Disco de Samba" pelo CD Deixa a vida me levar, no Prêmio Tim de Música, no Teatro Municipal do Rio. Lançou o CD e DVD Zeca Pagodinho Acústico MTV, com arranjos de Rildo Hora e Paulão Sete Cordas e ainda a participação dos músicos Mauro Diniz, Henrique Cazes e Jorge Gomes. No CD foram incluídos alguns de seus maiores sucessos que chegou à marca de 530 mil cópias vendidas e o DVD vendeu 230 mil cópias.

Ganhou o Prêmio Tim 2004 na categoria "Melhor Cantor de Samba". Neste mesmo ano foi um dos convidados de Beth Carvalho no DVD Beth Carvalho - a madrinha do samba, no qual interpretou em dueto com a anfitriã as faixas Camarão que dorme a onda leva (c/ Arlindo Cruz e Beto Sem Braço) e Ainda é tempo de ser feliz, de autoria de Arlindo Cruz, Sombra e Sombrinha.

No ano de 2005 lançou o CD À vera, no qual interpretou de sua autoria Quem é ela (c/ Dudu Nobre), Cavaco e sapato (c/ Nei Lopes) e Zeca, cadê você? (c/ Jorge Aragão), faixa na qual contou com as participações especiais de Marcelo D2, Seu Jorge e Baixinho (caseiro de Zeca Pagodinho).

No ano de 2006 gravou o CD e DVD Acústico MTV Zeca Pagodinho II - Gafieira, no qual recriar o clima dos bailes de gafieira das noites carioca dos anos 40 e 50. Acompanhado de uma orquestra com 39 músicos, aliada à banda do cantor, sob as batutas dos maestros Rildo Hora, Leonardo Bruno, Jota Moraes, Lincoln Olivetti, Vitor Santos, Cristóvão Bastos, Julinho Teixeira e Paulão 7 Cordas.

No ano de 2007, junto a Rildo Hora e Max Pierre, fundou o selo "Zecapagodiscos", selo de samba ligado à gravadora Universal, gravando neste mesmo ano um DVD com 22 faixas nas quais contou com 44 artista em duplas inusitadas interpretando clássicos e sucessos nacionais.

Em 2008 lançou seu 19º disco Uma prova de amor produzido por Rildo Hora. No CD interpretou Eta povo pra lutar (Brasil, Badá, Magaça e Bernine), Pra ninguém mais chorar (Fred Camacho, Dudu Nobre e Almir Guineto), Não há mais jeito (Monarco e Mauro Diniz), Sincopado ensaboado (Marcos Diniz, Barbeirinho do Jacarezinho e Luiz Grande), Falsas juras (Candeia e Casquinha), Pecadora (Jair do Cavaquinho e Joãozinho da Pecadora), Manhã brasileira (Manacéa) com particpação especial da Velha-Guarda da Portela, Esta melodia (Babu da Portela e Jamelão), Sambou... Sambou (João Donato e Jorge Mello) com particpação ao piano de João Donato, Ogum com particpação especial de Jorge Ben Jor declamando Oração a São Jorge, Se eu pedir pra cantar (Zeca Pagodinho e Arlindo Cruz), Sempre atrapalhado (Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho), Sujeito pacato (Serginho Meriti e Claudinho Guimarães), Normas da casa (Zé Roberto), além da faixa-título de Nélson Rufino e Toninho Gerais.

Em 2010 finalizou, com produção de Rildo Hora, o disco Vida da minha vida, no qual contou com a participação especial de Nelson Sargento. O show de lançamento do disco ocorreu no Citibank Hall, no Rio de Janeiro, com direção artística do pesquisador Sérgio Cabral e direção musical de Paulão 7 Cordas.

Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha; Dicionário Cravo Albin da MPB.

Zezé Di Camargo e Luciano

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Zezé Di Camargo e Luciano - Dupla sertaneja formada pelos irmãos Mirosmar José de Camargo, o Zezé Di Camargo (Pirinópolis GO 1963—) e Welson David de Camargo, o Luciano (Pirinópolis 1973—), surgida no Natal de 1988, depois de um ano de vãs tentativas de Zezé de se lançar como cantor em São Paulo.

Durante os três anos seguintes, limitaram-se a compor e oferecer suas músicas para Chitãozinho e Xororó, Leandro e Leonardo (Solidão foi a de maior sucesso) e Sula Miranda, até que lançaram em 1991 um primeiro LP, com a música É o amor, seguido pelos discos Quem sou eu sem ela e Eu te amo (And I Love Her, Lennon e McCartney, versão de Roberto Carlos). 

Em 1993, a dupla assinou contrato com a Sony, e o primeiro trabalho foi lançado no ano seguinte, contando com a participação de Willie Nelson na música Eu só penso em você (versão de Always on My Mind). Na seqüência lançaram Coração na contramão, Coração está em pedaços, Saudade bandida, Vem cuidar de mim e Salva meu coração, todos pela gravadora Sony. 

Em 1995, lançaram disco, cantando em espanhol, que vendeu cerca de 150 mil cópias, graças à boa aceitação das músicas No puedo negar e Quem soy yo sin ella

Em 1996 venderam 1,8 milhões de cópias com o CD que trazia como grande sucesso a música Indiferença, de Zezé Di Camargo. O CD  de 1998 vendeu um milhão e 200 mil cópias antes mesmo de seu lançamento. Nesse CD, eles cantaram, pela primeira vez na carreira, músicas de cunho político, como foi o caso de Meu país, de Zezé Di Camargo e Deus salve a América, de Fauze e Jamil. 

Em 1999 começaram uma série de shows na cidade de Goiânia, que se espalharam pelo país, em campanha contra a violência. No mesmo ano, lançaram o CD Pare, que rapidamente estourou nas paradas de sucessos com a música título, de autoria de César Augusto e Piska.

Em 2000, realizaram temporada na Credicard Hall em São Paulo, em comemoração aos 10 anos de carreira da dupla, numa superprodução dirigida por Wolf Maia e  incluindo até a réplica de um helicóptero. Nesse show foi feito o lançamento do último CD da dupla, que saiu com venda antecipada de um milhão de cópias. Em 10 anos de carreira, a dupla se tornou recordista de vendas, com cerca de 17 milhões de discos vendidos. 

Em 2001 fizeram show no Rio de Janeiro onde cantaram, além de suas músicas conhecidas, outras não gravadas como a italiana Bella Senzanima e a inglesa How I can go on, gravada por Freddie Mercury. No mesmo ano gravaram seu segundo disco em espanhol, com antigos sucessos, além de Meu universo é você e Volta pra mim, sucessos do grupo Roupa Nova. Também em 2001, lançaram o 11º disco, com destaque para a música de trabalho Passou da conta, de Felipe e Bruno, além de Refém do amor, Nem mais uma dúvida, Diz pro meu olhar e Meu país, todas de autoria de Zezé di Camargo. No mesmo ano lançou o CD Zezé di Camargo e Luciano ao vivo, incluindo entre outras, o grande sucesso É o amor. Também nesse ano, apresentaram-se em shows internacionais, entre os quais, em Nova  Jersey, nos EUA.

Em 2002, a dupla lançou o 12º disco da carreira, totalmente com músicas inéditas, com destaque para A ferro e fogo, de Vinícius, João Victor e Valéria Leão, Preciso de um tempo, Sou assim, Só amor pra ela, todas de Zezé di Camargo. No mesmo período, foi lançado o primeiro DVD da dupla, com o repertório do CD.

Em março de 2003, ocuparam liderança no dial, com a música Sufocado figurando entre as cinco mais tocadas nas rádios. No mesmo ano, a dupla lançou seu décimo terceiro disco, com destaque para as músicas Para mudar a minha vida, sucesso da dupla e Tristezas do jeca, clássico de Angelino de Oliveira. Também no mesmo ano, receberam o Grammy Latino e foram escolhidos como a melhor dupla do ano em votação na Academia Brasileira de Letras. 

Em 2004, a dupla recebeu pela segunda vez o Grammy Latino e  emplacou o sucesso Nosso amor é ouro, tema da segunda edição da novela Cabocla, apresentada pela TV Globo e que foi uma das mais tocadas nas rádios de diversos estados, de junho a agosto,além de Pra mudar a minha vida, apontada em 2º lugar, segundo a Ecad. Já  tendo seus discos lançados na Argentina, Chile, Espanha, Portugal, México e Japão, além de ter exportado CDs para  Suíça e África do Sul, a dupla deteve o recorde de público, com 250 mil pessoas no Parque do Ibirapuera, em São Paulo.

Nesse mesmo ano, completando 14 anos de carreira e mais de 21 milhões de cópias vendidas, e, mantendo a grande infra-estrutura de espetáculo, que fez da dupla uma pioneira na realização de superproduções de shows fora do eixo Rio-São Paulo, os irmãos lançaram o  DVD  Zezé Di Camargo & Luciano Ao Vivo na Estrada, com direção de César Augusto.

Em 2005, fizeram o show  Álbum de família, em duas únicas apresentações no Claro Hall, no Rio de Janeiro, com direção de Jorge Fernando. Nesse ano, estando a dupla entre os três únicos artistas brasileiros que superaram amarca de 100 mil DVDs vendidos e  fazendo em média 120 shows por ano no Brasil, e no exterior, como no Japão, EUA e África, a dupla permaneceu com músicas, em primeiro lugar nas rádios de todo país. 

 Campeã de audiência em programas de TVs, e já tendo seus discos lançados na Argentina, Chile, Espanha, Portugal, México e Japão, além de ter exportado CDs para  Suíça e África do Sul, a dupla deteve o recorde de público com 250 mil pessoas no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. No mesmo ano, a Sony Music lançou a coleção Dois Corações e uma História, que traz os 100 maiores sucessos da dupla,  reunidos em sete Cds e um DVD com clipes inéditos dos cantores.

Nesse mesmo ano, a trajetória da dupla foi transportada para o cinema, com o filme  2 Filhos de Francisco - A História de Zezé Di Camargo & Luciano, uma produção, orçada em R$6,5 milhões, da Conspiração Filmes, Globo Filmes e da Columbia TriStar Filmes do Brasil a que se juntou a ZCL Produções, dos dois irmãos Camargo, sob a estreante direção de Breno Silveira.

Em abril de 2006, com uma média de 120 shows por ano e um milhão de cópias por CD lançado, lançaram o box Raridades, comemorativo dos 15 anos de carreira da dupla, já tendo atingido 22 milhões de cópias e mantendo a tradição de estar entre os artistas mais executados e pedidos pelo público. 

Em 2007, foram vencedores do Prêmio Tim, na categoria Canção Popular - Melhor Dupla. No mesmo ano, o CD Diferente, recebeu indicação ao Grammy Latino, na categoria Melhor Álbum de Música Romântica. 

Em 2008, a dupla lançou o 16º disco da carreira, que levou o nome da dupla como título, encerrando assim um ano bastante difícil, em chegou a pairar sobre eles a ameaça do fim da dupla, devido a um problema nas cordas vocais de Zezé di Camargo. 

Para o ano de 2009, a dupla agendou a realização do cruzeiro É o amor no navio Costa Mágica, com viagem partindo de Santos (SP) em direção a  Angra dos Reis (RJ). No mesmo ano, estrearam novo show no Rio, com 30 músicas selecionadas em seus 17 anos de carreira. 

Em 2010, iniciaram sua segunda temporada de Shows em Cruzeiros, no navio Costa Concórdia. O trajeto começou em Santos e foi até Búzios, no Rio de Janeiro. No mesmo ano, a dupla continuou, como garotos propaganda, a promover os produtos da linha de temperos Sazón, da empresa  joponesa Ajinomoto. A imagem de Zezé di Camargo e Luciano, junto com a música É o amor, de Zezé di Camargo, foram associados à logomarca da multinacional desde meados da década de 1990.

Ainda em 2010, a dupla lançou o livro Zezé di Camargo e Luciano, dois corações e uma história. O título, que foi lançado pela Editora Abril, conta a trajetória dos dois irmãos, desde a infância pobre no interior de Goiás, até o sucesso atual, e contém também mais de 100 fotos de bastidores de shows, momentos íntimos, e ensaios exclusivos. Ainda neste ano, foram indicados para o Prêmio Multishow de Música brasileira, na categoria melhor artista sertanejo.
Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora; Dicionário Cravo Albin da MPB.

Marlui Miranda

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Marlui Miranda
Marlui Miranda (Marlui Nóbrega Miranda), compositora, cantora e pesquisadora, nasceu em Fortaleza CE, em 12/10/1949. Criada em Brasília DF, depois de vencer um festival estudantil, em 1968, trocou o curso de arquitetura pela música.

Em 1971 mudou-se para o Rio de Janeiro RJ, onde estudou violão clássico com Turíbio Santos , Oscar Cáceres, Jodacil Damasceno, João Pedro Borges e Paulo Bellinati. Passou a tocar com artistas como Macalé, Taiguara, Milton Nascimento e Egberto Gismonti, que produziu seu primeiro LP, Olho d’água (Continental, 1979).

Na década de 1970, começou a pesquisar as falas e os cantares indígenas e com o fotógrafo Marcos Santilli, produziu o audiovisual Nharamaã, fruto de pesquisas sobre a colonização de Rondônia. Produziu e gravou os LPs Revivência (Memória, 1984) e Rio acima (Memória, 1986); produziu o disco Patter Merewa (Música dos índios suruís de Rondônia), com 13 canções suruís reunidas por ela e pela antropóloga Betty Mindlin.

A partir de 1990, recebeu bolsas da Rockefeller Foundation e The John Simon Guggenheim Memorial Foundation (New York, EUA) e da Fundação Vitae (São Paulo SP) para seu projeto Preservação e Recriação da Música Indígena da Amazônia Brasileira.

Em 1990 participou como supervisora geral e intérprete na trilha sonora do filme Brincando nos campos do Senhor, de Hector Babenco. Em 1992 foi solista e responsável pela recriação da música indígena na Ópera dos 500, de Naum Alves de Sousa e Grupo Pau Brasil. No mesmo ano, com o Grupo Pau Brasil, criou a trilha para o documentário Arawetê, produzido pelo Centro de Documentação e Informação (CEDI).

Em 1993 produziu o CD Amazon Rainforest Music, para a gravadora alemã Sonoton. Em 1995 gravou o CD IHUTodos os sons, com músicas e canções de povos indígenas brasileiros e participações de Gilberto Gil, Uakti e Coralusp, entre outros. O espetáculo IHU Todos os sons, apresentado no mesmo ano, foi transformado em especial exibido pela TV Cultura.

Em 1996, o CD IHU foi lançado nos EUA (com concertos em New York e Miami), Áustria, Suíça e Alemanha, onde recebeu o German Phono Academy Award. Em 1997 foi lançado 2 IHU — Kewere: rezar, missa indígena criada a partir de músicas de diversas tribos, com as participações da Orquestra Jazz Sinfônica e coral de 90 vozes, e apresentada pela primeira vez em junho de 1996 na catedral da Sé, em São Paulo, nas comemorações dos 400 anos da morte do padre José de Anchieta.

Em 1998, juntamente com Gilberto Gil e Rodolfo Stroeter, lançou pelo selo Pau Brasil o disco O sol de Oslo, no qual foram incluídas de sua autoria Sebastiana e Eu te dei meu ané, esta última em parceria com Gilberto Gil. Ainda neste ano, realizou a palestra Trilhas para alcançar a música indígena brasileira, desta vez no Departamento de Letras da USP.

Em 1999, realizou diversas palestras, entre elas, Influência da cultura indígena na música brasileira e Hiperantropia: Desenvolvendo parcerias com os povos Indígenas Brasileiros, Visão geral da música indígena brasileira, na The University of Chicago; Aldeias sem cruz: Missionários e a transfiguração da música indígena no Brasil, em seminário em Salzburg, na Áustria. no Center of Latin American Estudies in Wiscosin-Madison University, No mesmo ano, recebeu o prêmio de melhor CD de música latina pela Native American Society. Participou também do Festival de Música Sagrada na Casa do Tibet, em Los Angeles, na Califórnia, Estados Unidos, organizado pelo Dalai Lama.

Em 2000, foi lançado o filme Hans Staden, de Luís Alberto Pereira, com trilha sonora de sua autoria. No ano de 2002 com a Orquestra Popular de Câmara (de São Paulo), apresentou-se na 4ª Edição do Festival do Mercado Cultural da Bahia. Interpretou e adaptou cantos tradicionais de muitas nações indígenas brasileiras.

Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha; Dicionário Cravo Albin da MPB.

Miltinho Rodrigues

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Miltinho Rodrigues
Miltinho Rodrigues (Hilton Rodrigues dos Santos), cantor e compositor, nasceu em Goiânia, GO, em 2/5/1941. Desde criança gostava de cantar e aos 17 anos assinou seu primeiro contrato com a Rádio Nacional, de Brasília DF, onde apresentava um repertório romântico que incluia músicas em castelhano.

Mais tarde, foi a São Paulo SP e conheceu Tibagi (Oscar Rosa), que acabara de desfazer sua dupla com Zé Mariano e estava procurando outro parceiro. Formou, então, dupla com Tibagi, gravando várias músicas sertanejas. 

Passou depois a cantar sozinho, lançando discos de sucesso pela Chantecler, em 1967, destacando-se Ébrio de amor (Palmeira e Ramoncito Gomes), Prisioneiro do amor e Você não apareceu, estas duas de sua autoria. 

No ano seguinte gravou, também pela Chantecler, versões e composições estrangeiras, além dos êxitos Confissão de amor (Luciano e Ademar Garcia), Entre lágrimas (com Bolinha), Fica mais um pouco (com Noel Costa) e Quem será (Evaldo Gouveia e Jair Amorim). 

Em 1972, na Continental, lançou um LP que incluía os sucessos Tentação, com Piquerobi (Madalena Maria Pires), Sagrado amor (Roberto Stanganelli e Francisco Barreto), Por que será? (com Milton Yamada) e Destino fere e às vezes mata (com Benedito Seviero). No ano seguinte, novamente na Chantecler, gravou novo LP, destacando-se Prisioneiro do amor, Quando o sol raiar e Você (todas de sua autoria), além de Garota triste (com Orlando Gomes). 

Em 1974 lançou pela Cartaz outro LP, com, entre outros, os sucessos Para o que der e vier e Todinha para mim (ambas de Roberto Stanganelli e Francisco Barreto), gravando, no ano seguinte, pela Califórnia, dois LPs, destacando-se de sua autoria O grande milagre e Amor, saudade e tristeza (com Argonauta), além de Fortuna dos namorados (César França e José Maria). 

De 1976 a 1978 afastou-se da vida artística, trabalhando em Goiânia como publicitário. Em 1979, em Franca SP, foi convidado para viajar com o Trio Parada Dura, apresentando-se em circos, feiras e teatros. 

Integrante da equipe de produção da gravadora Chantecler desde o início da década de 1980, em 1981 voltou a apresentar-se em vários Estados e lançou um novo disco. Seus maiores sucessos incluem, além dos já citados, Pombinha branca, Meu martírio e Roda gigante

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

Hélcio Milito

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Hélcio Milito (Hélcio Pascoal Milito), instrumentista, nasceu em São Paulo SP, em 9/2/1931. Começou a carreira de percussionista atuando com o Conjunto Robledo, em São Paulo, de 1950 a 1951.

Em 1952 entrou para a orquestra do maestro Peruzzi e, de 1953 a 1954, integrou o sexteto de Mário Casali. Ainda em 1954 atuou com a Grande Orquestra de Luís César e, em 1956, com o Trio de Izio Gross.

Transferindo-se para o Rio de Janeiro RJ, em 1957 passou a integrar o Conjunto de Djalma Ferreira, com o qual gravou a série Drink, em 1958. Nesse mesmo ano viajou para a Venezuela com a Orquestra de Ary Barroso, estudando também com o percussionista americano Henry Miller.

Entrou para a orquestra da Rádio Nacional em 1959, ano em que gravou, na Odeon, o disco Garotos da bossa nova, com Roberto Menescal, Luís Carlos Vinhas, Luís Paulo, Bill Horn e Bebeto. Atuou em shows do início da bossa nova e em 1960, além de excursionar pelos EUA com Luiz Bonfá, apresentou-se num show de Sammy Davis Jr., no Teatro Record, de São Paulo, executando pela primeira vez a tamba, instrumento por ele criado.

Estudou teoria musical com Moacir Santos em 1962, ano em que, com Luís Eça e Otávio Bailly (mais tarde substituído por Bebeto), formou o Tamba Trio (que realizou no Bottle’s Bar, no Beco das Garrafas, o primeiro da série de pocket shows da época), com o qual excursionou em 1962 pelos EUA e Argentina.

Em 1963 e 1964 continuou seus estudos de teoria musical com Ester Scliar. Ao deixar o Tamba Trio em 1964, participou de shows em Nova York, EUA, ao lado de João Gilberto, Stan Getz e Astrud Gilberto.

Durante os anos de 1964 e 1965, tocou com o duo norte- americano Michell-Ruff, com Luís Bonfá, fez gravações com Don Costa, Gil Evans, Tony Benett e outros. Em 1966, no Brasil, deu concertos na Aldeia, de Arcozelo, e na sala Cecília Meireles, do Rio de Janeiro, apresentando com Clementina de Jesus e coral a Missa de São Benedito, para tamba e vozes (José Maria Neves).

Novamente em Nova York em 1966, gravou com o guitarrista Wes Montgomery. Trabalhou como produtor fonográfico na CBS e na Tapecar, de 1966 a 1971, ano em que voltou a atuar com o Tamba Trio, no Teatro Teresa Raquel, do Rio de Janeiro.

Em cinema, foi o responsável pela percussão nas trilhas sonoras de A Pedreira de São Diogo (1961), de Leon Hirszman, episódio do filme Cinco vezes favela, Os cafajestes (1962), de Rui Guerra, Garrincha, alegria do povo (1963), de Joaquim Pedro de Andrade.

Em 1973 excursionou com o Tamba Trio pela Europa e, nesse mesmo ano, realizou conferências e debates no Norte e Nordeste do Brasil, sob o patrocínio do Ministério da Educação e Cultura. Em 1974 e 1975 voltou a viajar com o Tamba Trio pelos E.U.A. e América do Sul.

Darius Milhaud

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Darius Milhaud
Darius Milhaud, compositor, nasceu em Marselha, França, em 4/9/1892, e faleceu em Genebra, Suíça, em 23/6/1974. Um dos mais notáveis músicos deste século, encabeçou até a morte importante setor da música contemporânea.

Integrou, com Arthur Honegger (1892—1955), Germaine Tailleferre (1892—), Francis Poulenc (1899—1963), Georges Auric (1899—) e Louis Durey (1888—), o Grupo dos Seis, formado em Paris, França, em 1920. Seu catálogo de obras inclui os mais variados gêneros da criação musical.

Com 25 anos de idade, foi designado adido cultural da Legação de França no Rio de Janeiro RJ, onde chegou acompanhando o chefe da representação diplomática da França no Brasil, o escritor e poeta Paul Claudel (1868—1955). A chegada ao Rio de Janeiro foi no sábado de Carnaval de 1917.

Nas suas notas biográficas (Notes sans musique, Paris, 1945), recorda a impressão chocante que lhe produziu o ritmo primitivo dos instrumentos de percussão dos cordões carnavalescos que desfilavam pela Avenida Rio Branco. 

Conheceu, em seguida, e passou a freqüentar, os compositores brasileiros da época — Henrique Oswald, Francisco Braga, Alberto Nepomuceno, Heitor Villa-Lobos, Luciano Gallet. Descobriu, por fim, a música popular brasileira, que lhe deixaria profunda e duradoura impressão, que descreve assim: 

“Os ritmos dessa música popular me intrigavam e me fascinavam. Havia, na síncopa, uma imperceptível suspensão, uma respiração molenga, uma sutil parada, que me era muito difícil captar. Comprei então uma grande quantidade de maxixes e de tangos; esforcei-me por tocá-los com suas síncopas, que passavam de mão para outra. Meus esforços foram recompensados, e pude, enfim, exprimir e analisar esse pequeno nada, tão tipicamente brasileiro. Um dos melhores compositores de música desse gênero, Nazareth tocava piano na entrada de um cinema da Avenida Rio Branco. Seu modo de tocar, fluido, inapreensível e triste, ajudou-me, igualmente, a melhor conhecer a alma brasileira”. 

Deixou o Brasil em 1919, de retorno à Europa. A partir de então, em inúmeras obras suas, repontam, como instantâneos sonoros, ritmos, motivos e temas da música popular brasileira: L’Homme et son désir (O homem e seu desejo), Deux poèmes tupis (Dois poemas tupis), La Création du monde (A criação do mundo), Trois chansons de négresse (Três canções de negra), Scaramouche, Danses de Jacaré-mirim (chorinho, tanguinho e sambinha), Salada (Salada), La Carnaval d’Aix, Globe-trotter, Saudades do Brasil (suíte que compreende doze títulos de bairros do Rio de Janeiro: Sorocaba, Botafogo, Leme, Copacabana, Ipanema, Gávea, Corcovado, Tijuca, Paineiras, Sumaré, Laranjeiras e Paiçandu), e Le Boeuf surle toit (O boi no telhado), cinema-sinfonia sobre uma farsa de Jean Cocteau, em que aparecem cerca de trinta temas e fragmentos melódicos de músicas cariocas em voga nos anos 1917-1918, cujo título foi extraído do tango O boi no telhado, de Zé Boiadeiro, pseudônimo do compositor popular José Monteiro. 

CD 

Brasil — Obras de Ernesto Nazaré e Darius Milhaud, Marcelo Bratke, 1996, Olympia 946062. 

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha - 2a. Edição - 1998 - São Paulo.